29

Jul 2007

O Dragão Branco

Do alto da torre onde vigio, onde passo a maior parte do meu tempo, onde encontro informações preciosas, posso ver toda manhã, no norte, o dragão branco.

Ele vive escondido atrás dos morros cobertos de mata do outro lado do rio escuro. Rio misterioso e sombrio: suas águas são sempre turvas e seu caminhar é lento. Todas as manhãs seu espírito solta seu bafo enchendo o ar de bruma e tudo umidece. Seu bafo só volta ao rio quando o meio dia é próximo, então vê-se o dragão branco descansando sobre os morros do norte.

Dizem que enquanto o bafo do rio ainda bloqueia a visão do céu o dragão voa procurando por comida e calor, então volta, espreita nos morros e observa o bafo baixar. É sua diversão preferida porque ele mesmo é filho do rio e nasceu no bafo.

Ele assiste a todo espetáculo depois vai embora para as paragens além dos morros e se esconde inde nenhum homem possa vê-lo (sabemos disso porqe nem o mais bravo batedor encontrou seu lugar de repouso) . Os mais ganaciosos acreditam que lá guarda um grande tesouro. Dizem os mais sedentos por saber que esconde uma fonte de sabedoria. Mas eu, vigia da torre, acredito que o dragão apenas queira dormir em paz.

21

Jul 2007

Chihiro – Spirited Away

Zeniba

Acabei de assistir A Viagem de Chihiro.

Está na lista dos meus favoritos! Os personagens são ótimos, o desenvolvimento da história me agradou muito. É mais um daqueles filmes feitos para crianças verem por toda a vida, que sempre vão achar algo novo para descobrir. Um daqueles filmes para crianças que os adultos mandam as crianças ficarem quietas porque eles querem ouvir.

14

Jul 2007

Montanha

Tudo isso se passa num crepúsculo, no instante mais vermelho do céu, num lugar que viu sua sacralidade ascender e decair, viu sua glória e sua decadência.

Muitos anos atrás, quando as pessoas ainda subiam pirâmides para fazer sacrifícios, quando ainda temiam eclipses, quando a fertilidade era associada por todos ao poder de muitos deuses, vivia um jovem talentoso.

Seu nome foi esquecido, mas sua alma observou o mundo por muito tempo, e talvez agora permaneça apenas dormindo.

Naquele tempo a colheita era festejada no pôr do sol, todos festejavam, fogos ardiam, danças circulares, danças de dupla e de grupo, comida e pães para todos. Menos um festejava, um jovem era sacrificado a uma grande montanha que os protegia, como acreditavam.

E o jovem escolhido naquela noite era talentoso, foi erguido no alto da pirâmide de degraus grandes, com serpentes decorando suas laterais, um altar já vermelho de tanto sangue ali derramado. Ele foi erguido e caiu sobre uma espada curta, feia e mal afiada, ela lhe atravessou o coração e sua alma caminhou para o oeste, para onde o sol, naquele exato instante, se punha. Para a montanha.

Ele se tornou montanha, e a montanha se tornou ele.

O que antes foi para ele um ano agora lhe era um suspiro.

Assim viu seu povo abandonar os sacrifícios na primavera seguinte, algo os espantou dali, muitos morreram, a fome os assolou, o medo… Não sacrificaram um num ritual, mas todos morreram de fome, pragas ou guerras. Nenhum morreu em paz.

Mais anos se passaram, seu povoado ficou seco, abandonado, sua pirâmide ganhou o aspecto de ruína, as cores desapareceram, as plantas começaram a crescer sobre ela.

Mais e mais anos. Ele viu gente nova passando por ali com medo, era um lugar amaldiçoado, a montanha não lhe protegia mais, apenas lhe observava…

Séculos e novas pessoas vieram, mas não sacrificavam, não honravam os que antes ali viveram, era diferentes… Nem mesmo a pirâmide respeitaram, transformaram-na num hotel, derrubaram parte de suas paredes e tamparam os buracos com vidro azulado.

O céu era mais escuro e vermelho no crepúsculo deste dia que naquele dia do último sacrifício. A cidade nova crescia, pessoas novas surgiam e a prosperidade era alta.

Falava-se que a montanha voltava a lhes proteger.

Então edifícios ainda mais altos que a pirâmide foram construídos, uma enorme estátua foi construída sobre a montanha, e logo a cidade começou a crescer sobre ela.

Cada crepúsculo era mais vermelho.

Então a última rocha da superfície da montanha foi feita em pedaços, um novo edifício seria construído, a noite era vermelha então, e o crepúsculo durou até o amanhecer, a montanha naquela noite morreu, o jovem talentoso de novo caiu em seu sono, o que antes lhe eram suspiros agora eram eternidades inteiras.

Uma nova praga assolou a cidade e crianças nascidas durante a noite não viam o amanhecer… logo a pirâmide de novo foi assolada com insetos e ervas daninhas, logo os edifícios se tornaram ruínas.

Um raio de sol brilhou no céu, iluminou aquelas ruínas, viu-se azul e verde, algo de amarelo e muito pouco de vermelho.

Mas a montanha e seu povo já estavam mortos.

09

Jul 2007

O lobo me leva a um fjörd distante

Eu cheguei em casa hoje e não tomei café, ando tomando demais.

Tranformei minha escada numa espécie de tripé para pintar, arrumei a tela da porta do quarto, daquelas para atrapalhar a entrada de pernilongos. Tomei banho. Sentei para usar o computador e tive dor de cabeça, enjôo…

Então decidi fazer um exercício de yoga, para alongar as costas, que andam muito doloridas… Fiz, foi difícil, estava tudo tão tenso…

Tenho passado por dias complicados, andava muito tenso, mesmo. Humor instável: medo, mágoa, euforia, tristeza, ódio, paixão… tudo alternando-se, sem ordem, sem me garantir nenhuma segurança…

Eu acalmei esta tarde, e o cansaço pesou. Deitei no chão e logo sonhei.

Um lobo cinza e velho veio correndo até mim e levou a minha alma embora, ele corria, corria muito, corria por um terreno rochoso, a grama era verde, mas o verde de lugares frios e úmidos, era turfa. Ele correu, com minha alma entre as mandíbulas até a beira de um fjörd cinzento, lá embaixo uma baía, à nossa direita o mar, o pôr do sol, de um laranja bem morto, quase cinzento.

Ele olhou para baixo e correu para a esquerda, correu pela beira do fjörd, a poucos metros da queda… E desviou em direção a beira, eu não tive medo, ele ia em direção a uma passagem muito bem camuflada – eu, dentro de sua mandíbula, sabia o que ele pensava, mas não sabia o que queria comigo. – e ele desceu fjörd abaixo, desceu até uma pequena caverna, abrigado da chuva, do frio… a rocha era quente… Mas não do vento!

O vento me tomou do lobo, eu queria voltar, eu me joguei abaixo.

Mas o vento tentou me fazer subir, foi difícil… Vento de pôr-do-sol. Ele conseguiu me fazer subir, mas foi difícil achar o caminho de volta… eu vim carregando algo na mão, acho que um dos dentes do lobo. O peso era grande, e o vento se esforçou muito.

E cheguei de volta a mim, e acordei. Acordei sem as tensões de quando dormi, acordei sem os medos, sem as tristezas e agonias. Elas estão escondidas numa abertura das rochas de um fjörd distante.

08

Jul 2007

Lugares de culto

Lugares de culto são sempre lugares de culto.

Lugares sagrados não são sagrados porque as pessoas os fizeram sagrados, elas simplesmente se sentiram atraídos por eles, e sagrados sempre serão, independemente de quem viva ali.

Acredito que os lugares são “deuses” em si, e se algum deus resolve viver ali, passar por ali, não é por acaso, o lugar dá poder a quem fiquei ali… que tipo de poder não importa, e cada lugar tem o seu temperamento e seus presentes.

É assim com boa parte das catedrais européias, muitas foram construídas sobre lugares de cultos pagãos – e estes com certeza ocuparam o posto de um culto anterior. E com certeza, depois da queda das catedrais um novo culto surge ali…

Vejam uma prova disso nesta reportagem da BBC (english), um morro no México é usado desde 1833 para encenações da crucificação de Cristo, isso é um forma de culto. O interessante é que esse morro é artificial, é um pirâmide Teotihuacan soterrada! O mais interessante é lembrar que nessas pirâmides se faziam sacrifícios… e os humanos eram bem comuns!

A pirâmide foi abandonada em torno do ano 800… mil anos depois as pessoas ainda faziam um culto ali, e se pensarmos bem, não é tão diferente. Já não é mais o próprio, mas a encenação de um sacrifício humano para que os deuses (no caso de hoje é um só) protejam as pessoas, cuidem delas, as perdoem…

02

Jul 2007

01.20.09

Começou a aparecer nos EUA uma linha de produtos com essa data como marca registrada: canecas, camisetas, cartões comemorativos e até biscoitos para cachorro no formato de George W. Bush.

Essa é a data do último dia de seu governo. As pessoas estão fazendo contagem regressiva. E dizem que parte da renda vai para instituições como o Greenpeace.

Eu li no Blue Bus.

01

Jul 2007

SPB Informática

Eu preciso dizer.

NUNCA compre um computador na SPB Informática.

Eu comprei na Vila Mariana, e me arrependi amargamente.

Foi caro, eu tive que trocar o primeiro porque ele não instalava nada, quase sumiram com meus arquivos, e agora, o segundo, não funciona o microfone (não o dispositivo externo, o drive mesmo).

Além disso eu comprei um gabinete mas montaram com outro, dizendo que não tinham mais do primeiro… e na verdade, nunca tiveram. Sem as entradas de som e voz na frente do gabinete.

Sabe, eu estou com vontade de arrebentar essa garantia e pagar outra pessoa pra arrumar esse computador de um jeito usável!

Eu repito, NUNCA compre um computador na SPB Informática.

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