09

Jul 2007

O lobo me leva a um fjörd distante

Eu cheguei em casa hoje e não tomei café, ando tomando demais.

Tranformei minha escada numa espécie de tripé para pintar, arrumei a tela da porta do quarto, daquelas para atrapalhar a entrada de pernilongos. Tomei banho. Sentei para usar o computador e tive dor de cabeça, enjôo…

Então decidi fazer um exercício de yoga, para alongar as costas, que andam muito doloridas… Fiz, foi difícil, estava tudo tão tenso…

Tenho passado por dias complicados, andava muito tenso, mesmo. Humor instável: medo, mágoa, euforia, tristeza, ódio, paixão… tudo alternando-se, sem ordem, sem me garantir nenhuma segurança…

Eu acalmei esta tarde, e o cansaço pesou. Deitei no chão e logo sonhei.

Um lobo cinza e velho veio correndo até mim e levou a minha alma embora, ele corria, corria muito, corria por um terreno rochoso, a grama era verde, mas o verde de lugares frios e úmidos, era turfa. Ele correu, com minha alma entre as mandíbulas até a beira de um fjörd cinzento, lá embaixo uma baía, à nossa direita o mar, o pôr do sol, de um laranja bem morto, quase cinzento.

Ele olhou para baixo e correu para a esquerda, correu pela beira do fjörd, a poucos metros da queda… E desviou em direção a beira, eu não tive medo, ele ia em direção a uma passagem muito bem camuflada – eu, dentro de sua mandíbula, sabia o que ele pensava, mas não sabia o que queria comigo. – e ele desceu fjörd abaixo, desceu até uma pequena caverna, abrigado da chuva, do frio… a rocha era quente… Mas não do vento!

O vento me tomou do lobo, eu queria voltar, eu me joguei abaixo.

Mas o vento tentou me fazer subir, foi difícil… Vento de pôr-do-sol. Ele conseguiu me fazer subir, mas foi difícil achar o caminho de volta… eu vim carregando algo na mão, acho que um dos dentes do lobo. O peso era grande, e o vento se esforçou muito.

E cheguei de volta a mim, e acordei. Acordei sem as tensões de quando dormi, acordei sem os medos, sem as tristezas e agonias. Elas estão escondidas numa abertura das rochas de um fjörd distante.

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