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Jun 2007

A Vassoura que não sabia dançar

Um conto infantil…

Quem sabe eu volte a escrever como escrevia antes.

Este conto é parte de um trabalho do curso, tive que enfrentar meus dragões, matar uma boa parte deles, e voltar a juntar palavras.

Era uma vassoura que não sabia dançar.

Ela vivia num teatro, ficava atrás da coxia ouvindo o balé, o sapateado e aplausos das platéias à noite. Só saía de lá para limpar a poeira, os confetes e os papéis brilhantes que caíam durante o espetáculo.

Imaginava como seria lindo ver aquilo tudo acontecendo… a chuva de papéis coloridos, parecendo uma chuva de gotas brilhantes, as dançarinas desviando de cada uma delas, a música extenuante… E lamentava, e sentia uma dor profunda… não podia ver nada disso, não podia dançar com elas…

Era uma vassoura muito triste, detestava sua forma: achava que tinha cabelos horríveis, que era dura demais para a dança! Era uma vassoura de piaçava ainda, tão antiga… Não sabia, mas vivia num teatro simples, decadente, mas mesmo assim acreditava que ali no palco estavam as portas para o paraíso.

Toda noite, logo que as últimas luzes se apagavam e o barulho da porta dos fundos se fechando era ouvido, como um despertador, ela emitia seu ruído de vassoura triste. Tentava se mover, tentava dançar, mas sozinha era incapaz. Chorava toda noite, e rezava às vassouras que viveram antes dela, rezava para que um dia pudesse ser diferente, pudesse dançar. Alguns dias ela praguejava, nunca soube de vassouras dançarinas, e por isso odiava ser o que era, odiava todas as vassouras.

Mas em outros dias lembrava-se que só viu vassouras quando era bem nova, quando ainda não tinha vindo ao teatro, e mal se lembrava desses dias tão distantes… era uma vassoura velha, sozinha, num teatro decadente.

Foi tanto tempo assim, dias tristes e sem esperança.

Uma nova menina começou seu espetáculo, ela era diferente das outras, era deslumbrada e desajeitada.

O novo espetáculo chamava-se A Bruxa do Carvalho, e precisavam de uma vassoura como esta de nossa história. A menina seria a bruxa.

No fim da dança os camponeses e camponesas perseguiam a bruxa próximo a um carvalho, e ela fugia, voando em sua vassoura, mas não sem antes mostrar os seus poderes chamando a vassoura que ficava escondida entre as folhas da árvore.

Ela caía no chão, com graça, como se fosse também uma bailarina, e dançava com a bruxa. Cordas no teto a ajudavam. Tudo era feito com tanta graça que nem parecia uma vassoura dura e chorona, ela parecia mesmo uma bailarina, se curvando conforme girava com velocidade.

Depois a vassoura levava a bruxa embora, observada pelo olhar assustado e aterrorizado dos camponeses. E o espetáculo fez tanto sucesso que a vassoura se tornou parte do elenco definitivo da casa, e outra vassoura foi comprada, a nossa não varria mais o palco. A bruxa fez seu sonho se realizar.

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