Quando eu assistia InuYasha adorava ver o Naraku absorvendo os outros, se isolando em alguma caverna dentro daquele universo cheio de youkais e pessoas assustadas pra se “reordenar”, pra criar novos monstros com pedaços dele, se refazer.
Aquilo me encantava.
Porque eu acredito que somos assim.
Um momento de isolamento é sempre bom pra rever conceitos, reavaliar a influência que as pessoas têm sobre nós (até o quanto nos inspiramos nelas), recolocar sentimentos, prioridades, objetivos e até os medos.
Também acredito naquela história de que o corpo nunca fica doente sozinho, uma doença física atinge nossa disposição, nossa mente, nosso coração e nosso “espírito”, todos os nossos corpos. E vice-versa também.
E essa reorganização é vital, ter as coisas engasgadas, presas, acumuladas faz mal. É a mesma coisa que largar o quarto bagunçado e ir acumulando mais e mais até começar a mofar roupas que você nem lembra mais que tem, e ratos, baratas, insetos e outros tomam conta de tudo.
Naraku é o fundo do inferno, o mais profundo deles, em sânscrito. Eu acho que tanto o universo (ou a existência, porque já falam de multiverso, logo serão mais de um multiverso) como nós somos feitos de vários mundos. Todos nós temos o nosso fundo do inferno interior, temos nosso paraíso, nossa terra dos elfos, dos trolls, dos gigantes. E cada um desses mundos é um mundo, um mundo em todos os sentidos.
Daí eu acredito que somos só o que nos dispomos a ser.
Mas eu não desprezo os maus, os fracos, os corruptos. Eu escrevo e sei da importância deles pra uma boa história e sei que existe algo “humano” em qualquer monstro e eles morrem mais sozinhos do que qualquer herói.