18

Jan 2009

Todo dia que vivo é uma morte

Meu corpo está cansado, minhas mãos tremem. A vida parece esvair.

Escrever me cansa, desejar me atira à cama em prantos.

Lembro-me do dia que não desejei, quando meu coração era uma natureza selvagem, sem amor, sem paixão, fresco e úmido como uma floresta temperada, meus olhos brilhavam inocência.

Ah! Eu vivia e caminhava em direção à plenitude, ao tudo ser, à absoluta felicidade e… sempre dançando, sorrindo.

Mas eu me apaixonei, você tomou de mim o fôlego, invadiu meus sonhos, construiu portões, estradas e cidades nas florestas do meu coração, fez-me perder o rumo, esquecer como ler as estrelas, perder-me no meu próprio caminho.

Ali eu comecei a morrer. A vida não vai em direção à paixão, foge dela, vai às bordas do mundo… e eu morro mais a cada dia, evito as estradas, procuro o céu tentando trazer de volta a selvageria.

Desde o dia em que vivi intensamente caminho para a morte, e a morte é a nova esperança que você me deixou antes de partir.

Conto Zen – É mesmo?

Uma linda garota da vila ficou grávida. Seus pais, encolerizados, exigiram saber quem era o pai. Inicialmente resistente a confessar, a ansiosa e embaraçada menina finalmente acusou Hakuin, o mestre Zen o qual todos da vila reverenciavam profundamente por viver uma vida digna. Quando os insultados pais confrontaram Hakuin com a acusação de sua filha, ele simplesmente disse:

“É mesmo?”

Quando a criança nasceu, os pais a levaram para Hakuin, o qual agora era visto como um pária por todos da região. Eles exigiram que ele tomasse conta da criança, uma vez que essa era sua responsabilidade.

“É mesmo?” Hakuin disse calmamente enquanto aceitava a criança.

Por muitos meses ele cuidou carinhosamente da criança até o dia em que a menina não agüentou mais sustentar a mentira e confessou que o pai verdadeiro era um jovem da vila que ela estava tentando proteger.

Os pais imediatamente foram a Hakuin, constrangidos, para ver se ele poderia devolver a guarda do bebê. Com profusas desculpas eles explicaram o que tinha acontecido.

“É mesmo?” disse Hakuin enquanto devolvia a criança.

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