18

Nov 2008

Mundos Interiores

Quem quer tira uma lição a cada nova situação, e quem quer é a cada dia uma pessoa melhor. Quem não quer simplesmente se fecha e vive sua vida de cabeça dura, mas nem sempre se dando mal. Eu mudo, e mudo pelo prazer de mudar, nada mais, não preciso de porquês ou motivos. Quando a gente se abre para a mudança o mundo nos sorri e nos ensina.

E aquela idéia do nosso “mundo interior“, que eu sempre imaginei, mas foi o Anam Cara (livro de John O’Donohue) que me fez chamar assim, e hoje já encontro em outros lugares sendo chamado pelo mesmo nome, que me fascinou, e o fascínio me levou à exploração.

Li um tempo atrás um livro de Seiðr, conhecido como “shamanismo” nórdico, e uma reconstrução da técnica por um grupo americano, usam a técnica com finalidade oracular. No Seiðr o praticante coloca parte de sua alma para viajar pelos nove mundos da cosmologia nórdica. Diz-se que as perguntas são respondidas tão claramente como foram claras e fortes as suas emoções ao perguntar.

Isso me levou a outra situação. Passei por uma dificuldade, era uma situação “boba”, mas para mim era importante, era algo que me tocava. Mas era bobo e eu não quis pedir por isso nas minhas conversas com os deuses, no caso com Freyja (e talvez alguém que leia chame de oração…) Eu senti uma bronca vindo do lado de lá, senti “se isso é importante para você, se suas emoções são sinceras, não pode ser bobo, não pode não ter valor”, e eu pedi então.

Essa emoção faz parte do mundo interior que todos nós temos, faz parte da própria moral, da ética e dos nossos sonhos, dos nossos objetivos, do nosso sagrado. E cada um tem seu sagrado, seu templo ou altar interior. Nossos sonhos são nosso sagrado, e eles moldam a nossa realidade, moldam nossas atitudes e emoções tidas como ruins são sinais que algo está errado com isso, que algo está violando esse espaço.

E de tudo isso eu tirei a lição de respeitar o mundo interior alheio, todas as pessoas têm seu mundo, e não é pequeno! Como se muitos planos se sobrepusessem, como se cada um fosse uma folha transparente e manifesta para o outro algo de seu mundo através de linhas e desenhos. Os mundos sobrepostos formam uma imagem só. Pensar assim me fez ver as pessoas por outra ótica, mais humana. Faz a gente se colocar no lugar do outro antes de dizer “a culpa não foi minha”, “desculpa”, “eu não quis isso”, “que nojo”, “vai com calma” e outras tantas coisas. Faz a gente perceber que a gente pode fazer o dia de alguém feliz se souber o momento de sorrir, faz a gente perceber que pode destruir os sonhos de alguém com uma frase errada.

Quando eu admiti que não só eu tenho um mundo interior saí do centro da minha existência, viver ficou mais leve. Deixei de ser um “Atlas” e de carregar o céu nos ombros.

E isso é parte do meu aprendizado pelo que já passou da Primavera.

PS: Curiosamente, este fim de semana fiz um workshop de roteiro fantástico com o Raphael Draccon e ele também usou o termo de mundo interior como fonte das linguagens pessoais dos autores em filmes e roteiros, entre os exemplos que ele deu estão Tarantino, André Vianco e Stephen King. Vendo uma cena de um filme você sabe quem a escreveu.

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